Naturais Também Têm Química



 Naturais também têm química  

Conteúdos    Produtos de limpeza naturais e industrializados e ação química dos ácidos acético e cítrico  

Habilidades - Examinar e compreender as reações químicas

envolvidas na remoção de manchas por meio de ácidos fracos

Tempo estimado Duas aulas


O Guia de VEJA aborda um tema que pode render boas discussões com a moçada, além de permitir o conhecimento das diversas opções, digamos, naturais, para fazer alguns tipos de limpeza. Embora ofereçam o mesmo efeito que os produtos industrializados específicos para esse fim, as alternativas caseiras também podem provocar um ou outro dano, como irritação na pele. Por isso, vale a pena convidar a turma a examinar como esses produtos agem, por que são eficazes e os cuidados que exigem.

Atividades
1ª e 2ª aulas – Leia o texto com a turma, ressaltando os efeitos do vinagre e do limão. É interessante aproveitar o assunto e promover uma discussão em torno dos motivos que levam as pessoas a buscar nos tempos antigos algumas soluções para a vida moderna. Depois, verifique a ideia dos alunos a respeito dos produtos naturais. Conte que um simples suco de laranja é uma mistura de produtos químicos sintetizados pela própria planta, daí a denominação natural para o líquido. Mas ele contém ácidos e vitamina C, que são substâncias cuja ingestão é recomendada e saudável. É importante lembrar que da casca da laranja, do bagaço e da semente são retirados produtos com finalidades medicamentosas e cosméticas. Levante a questão: podemos dizer que produtos naturais são produtos sem química? Explique, então, que a ausência de “química”, como se diz popularmente, significa que os naturais não passam por processos que alteram sua composição.

Avise que, mesmo isentos de transformações industriais, eles podem causar problemas. Por isso são necessários alguns cuidados com os produtos caseiros, de uso no nosso dia-a-dia. O contato da pele com o suco de limão ou laranja, com subsequente exposição ao sol, pode provocar queimaduras. O calor faz com que os ácidos da fruta se ionizem. Os íons assim formados atacam com mais facilidade a pele, tornando-a mais macia. Pode ocorrer maciez excessiva e, nesse caso, ardência e bolhas, exigindo atendimento médico.

Por outro lado, produtos preparados industrialmente possuem conservantes, agentes de odor e de cor e outros compostos que, além de agredir o meio ambiente, podem causar irritações na pele, nos olhos e nas narinas. Artigos de limpeza com cheiro muito forte geralmente liberam gases que podem se combinar com gases de outros produtos. Apresente um exemplo para ilustrar: a mistura de um produto com amoníaco com outro que libera algum composto gasoso de cloro. O uso simultâneo de ambos em um ambiente fechado, durante uma faxina, vai certamente provocar uma forte dor de cabeça na pessoa que estiver ali. Aproveite o momento para verificar com os jovens a fórmula desses gases e o número de átomos de cada elemento na formulação. Comente que a união desses gases, na atmosfera ou dentro da narina, produz uma terceira substância, a cloramina, capaz de irritar olhos e mucosas.

Certifique-se de que todos entenderam a diferença entre produtos naturais e industrializados e passe à investigação: por que o limão e o vinagre são eficazes na limpeza doméstica? Ambos servem principalmente para retirar machas de ferrugem e limpar peças metálicas. Antes de iniciar a explicação, saliente que nesses dois casos a limpeza é proporcionada de formas diferentes. No primeiro, ocorre uma reação de neutralização, ao passo que no outro se verifica uma dupla-troca, com formação de ácido mais fraco. Dito isso, divida a turma em grupos e distribua os quadros “Caso 1” e “Caso 2” (abaixo) entre eles. Se possível, providencie algumas peças de pano manchadas, limões, água e sabão, para que os grupos possam confirmar o resultado na prática.
Para seus alunos Caso 1
Presença de ferrugem em uma peça de pano ou de cerâmica
Ilustração: Beto Uechi/Pingado
Ilustração: Beto Uechi/Pingado
Procedimento: Extraia o suco de um limão. Coloque-o sobre a mancha e se a mancha for muito acentuada, exponha-a ao sol. Deixe o suco agir por pelo menos 30 minutos. Lave a peça manchada com sabão e enxague.

Após o exame desse caso, pergunte por que se recomenda a exposição da peça ao sol. Diga que o calor do ambiente proporcionado pela luz solar faz aumentar a velocidade da reação e, portanto, faz com que a mancha saia mais rapidamente.

Como ocorreu a limpeza? Observe as respostas dos grupos. Em seguida, alerte-os para o sabor do limão, que é azedo, o que permite concluir que há presença de ácido. Se a classe dispuser de acesso imediato à internet, é interessante sugerir que as equipes pesquisem que ácido o limão contém e que substância química recebe o nome de ferrugem.

O ácido pode ser representado por Hac, ácido cítrico, e a ferrugem por Fe(OH)3. Agora, com as fórmulas, se possível, peça que façam a equação química corretamente balanceada e deem nomes aos produtos. Como produtos da reação química, eles devem encontrar água e citrato férrico.

Por que a mancha some da roupa? Porque o ácido do limão reage com a base hidróxido férrico - a ferrugem - formando os produtos, que são incolores e, com a lavagem, se soltam do tecido. Ou seja, a ferrugem sai do tecido para se combinar com o ácido do limão, deixando a peça limpa.

Passe, em seguida, para o exame do que ocorre nos objetos metálicos escurecidos com o tempo (Caso 2), quando submetidos à limpeza com limão ou vinagre. Esclareça que se trata de um procedimento que exige algumas horas de ação do ácido e, por isso, os efeitos só poderão ser observados na aula seguinte.
Para seus alunos Caso 2
Clareamento de um objeto de prata ou cobre
Ilustração: Beto Uechi/Pingado
Ilustração: Beto Uechi/Pingado
Procedimento: Prepare uma solução de limão ou vinagre – meio copo de suco de limão ou vinagre (que também é um meio ácido) com um quarto de copo de água. Coloque o objeto dentro da solução, de preferência previamente aquecida e deixe-o ali por 2 ou 3 horas. Recolha o objeto e passe uma esponja com sabão para terminar de tirar pequenos resíduos.
Após a leitura do quadro, convide a turma a pensar de forma científica para entender como a limpeza foi promovida. Diga, inicialmente, que o vinagre possui ácido acético, CH3COOH, e o objeto de cobre ou prata, quando escurecido, foi recoberto por uma camada de sulfeto cúprico – ou, no caso da prata, por sulfeto de prata. Inquira a classe: de onde veio esse sulfeto? Revele, após ouvir as respostas, que na atmosfera temos vários gases poluentes, um deles à base de enxofre, SO2. A presença desse gás faz com que o enxofre se combine com o metal e forme uma nova substância na superfície do objeto, deixando-o com coloração escura.

Que nova substância pode ser essa? Os alunos já têm condições de prever que se formam sulfeto de prata ou de cobre, conforme o material do objeto. Questione, então, como ocorre a limpeza nesses casos. Peça que façam as equações correspondentes. No objeto de cobre, o sulfeto cúprico, que escurece apenas a superfície do metal, reage com o ácido acético do vinagre, formando o sal acetato cúprico e o ácido sulfídrico. Assim que se formam, os dois saem da superfície do objeto - que fica limpo.

Se o objeto for de prata, o sulfeto de prata reage com o ácido e também forma um sal (o acetato de prata) e ácido sulfídrico. Conclua, por fim, que a limpeza nada mais é do que a reação química entre o produto e a chamada “sujeira”.

Plano sugerido por Elisabete Rosa
Coordenadora e professora de Química do Colégio Bandeirantes, de São Paulo

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