Os estudos de Marie Curie
sobre a radioatividade são considerados um dos grandes momentos
decisivos da ciência. A física depois de Curie ficou completamente
diferente do que era antes, quando convergia para o mundo subatômico
desconhecido. Ela abriu as portas que permitiram a entrada “dentro” do
átomo e levou aos maiores progressos da física do século XX.
Mas como foi esta descoberta?
Em 1896, Marie Curie resolveu completar sua tese de doutorado em um
campo inteiramente novo: radiação. Era empolgante. Algo que ninguém
nunca tinha visto ou estudado antes. Os cientistas sabiam que radiação
carregada eletricamente enchia o ar ao redor do urânio, mas não se sabia
muito mais do que isso. Marie usou um aparelho que seu marido, o
professor Pierre Curie, tinha inventado para detectar cargas elétricas
ao redor de amostras de minerais. Ela deu ao processo o nome de radioatividade e concluiu que era emitida de dentro de um átomo de urânio.
Como os Curie não tinham dinheiro para cobrir as despesas das
pesquisas dela, e como a universidade se recusava a fornecer recursos
para uma mulher recém-formada fazer pesquisas, Marie conseguiu a muito
custo um lugar para instalar seu laboratório. Descobriu um barração
abandonado que tinha sido usado pelo departamento de biologia para
guardar cadáveres.
Em 1898, Marie ganhou um intrigante minério de urânio chamado pechblenda,
que seus testes demonstraram emitir mais radioatividade do que se podia
esperar da quantidade de urânio que continha. Ela concluiu que devia
haver outra substância dentro da pechblenda para emitir radiação a mais.
Ela começou com testes de 3.5 onças de pechblenda. Planejou remover
todos os metais conhecidos para que no final só restasse este elemento
novo, altamente ativo. Ela tritutou o minério com pilão num almofariz,
passou numa peneira, dissolveu em ácido, ferveu para eliminar o líquido,
filtrou, destilou e por fim o eletrolisou.
Nos próximos seis meses, Marie e seu marido, Pierre, isolaram quimicamente e testaram cada um dos 78 elementos químicos
conhecidos para ver se os miteriosos raios radiotivos fluíam de
qualquer outra substância que não fosse urânio. A maioria do tempo eles
passavam esmolando por pequenas amostras que não tinham dinheiro para
comprar. Curiosamente, cada vez que Marie removia mais dos elementos
conhecidos, os que lhe sobrava de pechblenda era sempre mais radioativo
do que antes.
O que deveria ter levado semanas arrastou-se em longos meses devido
às condições horríveis de trabalho. Em março de 1901, a pechblenda
finalmente abriu mão de seus segredos. Marie tinha encontrado não um,
mas dois novos elementos radioativos: polonium (que ganhou este nome para homenagear a Polônia, seus país de origem) e o radium
(assim chamado porque era, de longe, o elemento radioativo jamais
descoberto). Marie apresentou um minúsculo exmplo de puro sal de rádio.
Pesava 0,0035 onças, cerca de 0,10 gramas, mas era um milhão de vezes
mais radioativo que o urânio.
Como ainda se desconheciam os perigos da radiação, Marie e Pierre
foram perseguidos por problemas de sáude. Dores e grande sofrimento
físico. Mãos cobertas de úlceras. Contínuas recaídas de doenças sérias,
como pneumonia. Um cansaço interminável. Infelizmente, a radiação que
Marie tinha estudado a vida inteira a matou em 1934.
Uma curiosidade é que de um total de 723 prêmios Nobel outorgados até
o ano de 2005 apenas 34 foram concedidos à mulheres, e Marie Curie não
só foi a primeira mulher a ganhar um Nobel como também foi uma das
quatro pessoas que o recebeu duas vezes.
0 comentários:
Postar um comentário
Deixe seus comentário ou faça alguma sugestão nesse blog.